quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Rubicão.

Aos 9 ou 10 anos de idade inicia-se uma época onde a consciência da criança amplia-se, ela sai daquele mundo seguro, onde a confiança no adulto é plena e irrestrita e começa a perceber que todos têm falhas. O mundo perfeito não existe, acabou-se o mundo paradisíaco. Surge a dura realidade. É um momento de grande dor, comparado à expulsão do Paraíso. Um forte sentimento de solidão surge na alma humana. As crianças passam por um momento que na antroposofia dá-se o nome de Rubicão. O caminho sem volta, a inexorável roda do tempo girou e deve-se ir para frente, não há como retornar à infância.
Este é um momento de crise onde as crianças se recolhem um pouco. Ficam arredias, irritadiças. Acaba a fase da fantasia ilimitada. A vida emocional passa por uma metamorfose profunda. O sentir agora é objetivado, algo parecido ao que já havia ocorrido à criança aos 7 anos de idade quando isto ocorreu com o pensar.
Surge o medo do escuro, de ter alguém escondido no quarto, ou embaixo da cama. Começa a tentar livrar-se do medo com evocações mágicas: nada poderá lhe ocorrer se ela passar pelo quarto pisando somente nos ladrilhos brancos, ou qualquer outra parecida com esta.
A crítica surge contundente até mesmo para aqueles que até aquele momento tinham sido venerados, seu agudo senso de observação faz com que ela perceba as incoerências cometidas pelos adultos.
A relação com a morte ganha enorme dimensão, sendo vivenciada como um problema, a criança chega a pensar na morte das pessoas a sua volta e em alguns casos até em sua própria morte. Ela sente na verdade que algo morreu dentro dela, seja sua ingenuidade para o mundo, seja a infância que começa a se afastar. Algo morreu. Algo acabou.
A polaridade EU X MUNDO é pela primeira vez vivenciada com surpreendente força.
Pedagogicamente o olhar da criança deveria ser levado à natureza: os animais, as plantas, as pedras, ganham agora importância crescente. A veneração da criança que antes se bastava com seres humanos normais, agora só vai bastar com as ações sobrenaturais que advêm das histórias mitológicas, dos grandes feitos.
Depois desta grande crise a criança vai passar por um momento de calmaria, para lá pelos doze anos sofrer novas transformações. Cresce a diferença entre meninos e meninas que pela fase de maturação sexual mudam de corpo. As meninas sempre a frente dos meninos, ficam exuberantes. Porém muito de sua energia vital é gasta neste crescimento, trazendo uma certa indolência e até uma certa tendência a anemia.O menino por sua vez tem sua força vital potencializada,ele necessita de atividades programadas onde o físico é ativado para que ele possa colocar sua energia excedente para fora.

http://www.jperegrino.com.br/artigos/132-avidaeseusmilagres.html

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